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BBI of Chicago
Junho 2021

Como o conhecimento sobre falácias argumentativas pode nos ajudar na tomada de decisão

Por: Jean Lucas Pires.

Vieses cognitivos são interferências e tendências sistemáticas cerebrais, causadas por  processos heurísticos, que influenciam na forma com que o cérebro recebe, armazena e conecta novas informações. Esses processos podem prejudicar nossa percepção da realidade e nos levar a tomar decisões equivocadas, ocasionando, inclusive, perdas financeiras no caso de decisões de compras e investimentos.  

Uma das formas de lidar com esses vieses é conhecê-los para que seja possível identificá-los e evitá-los. Porém, apenas saber quais são esses vieses pode não ser suficiente para que  sejam superados, pois nosso cérebro pode gerar falácias argumentativas bem elaboradas que nos convencem e ludibriam, as quais são causadas por vieses como a dissonância cognitiva e a  aversão ao arrependimento, por exemplo, de forma que nossos sentimentos, intuições, crenças desconectadas da realidade e decisões equivocadas pareçam sempre ações assertivas e boas  escolhas.  

Decisões sustentadas por excesso de confiança, ancoragem, representatividade e outros vieses cognitivos são exemplos de falácias que criamos para sustentar intuições infundadas. São  nossas “falácias de estimação”. 

Também podemos comprar falácias de terceiros e tomá-las como nossas justificativas  de escolha. Vendedores que usam argumentos de autoridade, discurso de afeto, retórica de escassez e outros gatilhos de influência sem fundamento, na realidade, são exemplos dessas  falácias.  

Algumas falácias argumentativas são fáceis de identificar como, por exemplo, quando  temos a impressão de que um produto está barato com base em um desconto percentual significativo, quando, na verdade, mesmo com o desconto aplicado, ele está mais caro do que  seu valor normal de mercado. Nesse exemplo, é relativamente fácil perceber o erro. Já em  outras situações pode ser mais difícil identificá-lo, como, por exemplo, quando tentamos sustentar uma opção de aplicação financeira com base na qualificação da gestora de investimentos ou no sucesso da corretora. Mesmo esses sendo verdadeiros, a conclusão não  segue as premissas. 

Portanto, conhecer e compreender a sistemática das falácias argumentativas,  especialmente as mais complexas, pode ser muito útil no processo de tomada de decisão, de forma que fica mais fácil avaliar criticamente nossas opções de escolha e lidar com nossas  criações falaciosas ou ideias falsas de terceiros.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

Dobelli, R. (2014). A Arte de Pensar Claramente. Rio de Janeiro - RJ: Editora Objetiva. 

Kahneman, D. (2011). Rápido e Devagar - Duas Formas de Pensar. Rio de Janeiro - RJ: Editora Objetiva. 

Lobão, J. (2012). Finanças Comportamentais. Lisboa: Conjuntura Actual. 

Sbicca, A. (15 de Abril de 2014). Heurísticas no estudo das decisões econômicas: contribuições  de Herbert Simon, Daniel Kahneman e Amos Tversky. Fonte: scielo.com: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-41612014000300006.

Schopenhauer, A. (2014). 38 Estratégias para Vencer Qualquer Debate - A Arte de Ter Razão. Barueri - SP: Faro Editorial.


 

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