Por: Marcos Nicolas Mesquita
Sempre que eu ia à praia escutava minha sábia mãe avisando para tomar cuidado com o mar, que ele é traiçoeiro e pode virar a qualquer momento. E era sempre assim, quando achávamos que estávamos dominando o mar lá vinha a famosa frase de alerta que minha mãe falava com sua voz de alerta: “O mar vai virar!”.
Claro que, como bons nadadores e presunçosos, retrucávamos com a empáfia dos que acham que conhecem tudo em sonoro “Está tudo dominado, Dona Léa!”.
Assim são as crises, elas estão sempre ali, como se esperando o momento adequado para acontecerem.
Embora eu esteja usando uma analogia com situações do dia a dia, o que percebemos é que nas organizações, instituições, projetos ou governos que tem uma imagem, metas e uma reputação a zelar é mais ou menos a mesma coisa.
Precisamos estar atentos às ocorrências e incidentes, internos e externos, que podem acontecer e passar de uma mera possibilidade de agravamento para uma situação real de risco, confirmando-se como um problema e se transformando em algo que foge ao controle: uma crise. Assim como o mar, que pode passar de sereno e tranquilo para turbulento e perigoso, uma situação normal e confortável pode fugir ao controle e, se não for compreendida em seus possíveis cenários e impactos de forma estruturada e planejada, pode se tornar uma situação de crise.
Nada está dominado plenamente! O monitoramento constante e um processo de gerenciamento de crise implantado com ferramentas adequadas e pessoal bem treinado, podem ser o fator chave para a adoção de uma postura proativa, focada, segura e transparente, que garanta um enfrentamento da crise de maneira estruturada e eficiente, integrando as linhas defesa e combate às situações adversas.
Precisamos deixar claro que toda crise ou situação crítica é singular. Elas podem se repetir, mas serão diferentes em intensidade e impacto. Para isso, a cultura da prevenção deve fazer parte das organizações que buscam uma maturidade no tratamento de suas mudanças e transformações constantes, que podem resultar em problemas que quando não resolvidos ou contornados, se tornam crises, afetando a imagem das empresas e a reputação dos envolvidos e interessados na organização.
Uma vez criada esta resiliência empresarial e esta postura de prevenção e priorização tempestiva para os fatos mais relevantes, é notório que as organizações estarão minimizando a exposição aos cenários de crise e estarão melhor preparadas para as mudanças repentinas do “mar”. Assim, entenderão se uma crise está, de fato, estabelecida e poderão contar com seu Guideline of Crisis (Manual de Crise) para declarar a crise e instalar o Comitê de Crise para assumir as ações de combate e enfrentamento da crise, formulando e implementando o Plano de Gerenciamento de Crise.
Essa conscientização de antecipação às crises e preparação estruturada e processual poupa tempo e gastos exagerados para remediar ao invés de prevenir, e pode ser o grande diferencial das organizações que prezam não só pela continuidade da atividade presente, mas, sobretudo, para a perpetuação futura de seus negócios, o que está diretamente ligado à sua imagem e reputação.
Experiência é para ser registrada e aproveitada no futuro, e competência, eficiência e postura no gerenciamento e enfrentamento das crises precisam estar na agenda empresarial para estarmos preparados para as “viradas do mar”.
Dona Léa tinha razão!
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