Por: Mario Andrada
O melhor caminho para o seu projeto individual de comunicação é seguir quem se comunicou a vida toda: os veículos de imprensa.
Na grande transformação digital que o mundo viveu nos últimos anos, nenhum aspecto aparece com o mesmo impacto do que a comunicação individual. Virtualmente todas as pessoas do planeta podem participar do diálogo social, divulgando em tempo real as suas opiniões e preocupações.
No mundo analógico do passado, a comunicação social era conduzida pela mídia no seu sentido amplo, jornais, revistas, televisão, cinema e rádio. O esforço de comunicação e diálogo com a sociedade era pautado e conduzido pela imprensa. Empresas, entes públicos, políticos e celebridades enviavam e distribuíam as suas mensagens através de um esforço de relações públicas que envolvia agências (publicidade e relações públicas), press-releases e notas de imprensa.
Hoje o diálogo é direto e reto. As empresas podem enviar suas mensagens e contar as suas histórias diretamente aos seus consumidores. Na mesma moeda, o público se comunica diariamente com as empresas apresentando queixas, sugestões e ideias sem intermediários. Cada pessoa é hoje um veículo de comunicação. Pode se manifestar e influenciar os outros diretamente do seu computador ou do seu telefone celular.
Esse novo espaço de comunicação global instantânea exige, em contrapartida, que as pessoas desenvolvam o seu próprio projeto, sua identidade comunicativa e também o espaço que pretendem ocupar na web em geral e nas redes em particular. Nesse processo, a analogia com os meios de comunicação clássicos é evidente. Assim como os veículos da mídia (jornais, revistas, TV e rádio) têm o seu nome, a sua identidade visual e estilo de texto, voz ou imagens; cada comunicador individual deve organizar o seu espaço nas redes.
O melhor exemplo deste caminho pode ser observado quando analisamos os influencers, comunicadores que se qualificam como porta-voz de um grupo de pessoas com quem compartilham ideias e interesses. O primeiro elemento que define o status de um ou uma influencer tem sido a audiência. Antes de aceitar a condição de uma pessoa como “influencer” buscamos saber quantos seguidores esse comunicador ou comunicadora mobiliza.
A classificação pelo número de seguidores, e também pela demografia deste público fiel (idade, sexo, profissão, situação econômica), tem sido o principal vetor da remuneração desses influencers que de tanto expandir o seu projeto pessoal de comunicação podem muito bem viver dele.
Agências de influenciadores substituem, portanto, as agências de PR, relações públicas, ou as chamadas “assessorias de imprensa”. Elas promovem e agenciam os influenciadores que têm sob contrato oferecendo a sua audiência às empresas que buscam mais espaço para seus produtos junto ao público.
É evidente, porém, que não somos todos os comunicadores individuais que podem ser considerados como “influencers”, dado que nossa audiência, na maioria das vezes, não supera a fidelidade de nossos amigos, familiares ou colegas de trabalho. Precisamos, portanto, de um “projeto pessoal de comunicação”.
Este texto defende que o melhor caminho para a evolução da nossa audiência pessoal é organizá-la da mesma forma que os fundadores dos atuais veículos de comunicação fizeram quando lançaram suas empresas no mercado.
Nosso projeto pessoal de comunicação demanda uma identidade, uma marca própria e um estilo idem. Exige também que tenhamos objetivos claros sobre o que queremos “falar” e como queremos compartilhar as nossas opiniões nas redes. Em resumo: um projeto pessoal de comunicação precisa ser autêntico em relação à nossa pessoa e nossa personalidade. Ele vai exigir uma marca registrada, que pode ser nosso nome, mas também pode não ser. Finalmente, qualquer projeto de comunicação pessoal exige ainda um estilo único, pessoal, para os textos, vídeos e fotos que desejamos compartilhar.
A transformação digital da nossa sociedade nos dá a possibilidade de nos comunicar como um veículo da imprensa. Nos oferece o mesmo alcance potencial, a mesma audiência. Ela exige, porém, todo o profissionalismo e a identidade que os veículos da mídia construíram ao logo da sua história.
A comunicação ampla se escora na credibilidade dos veículos ou dos influencers junto ao seu público. As pessoas seguem a opinião daqueles em que confiam. E a credibilidade de um processo de comunicação, qualquer que seja, depende da qualidade da informação e da entrega que cada comunicador individual oferece neste imenso mercado livre de ideias que o mundo digital viabiliza.
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